Estamos em uma era de tecnologia em crescimento constante, novas ideias e novos projetos surgindo a cada segundo rumo a um futuro cada vez mais automatizado.
Todos os anos, a FTI (Future Today Institute) faz um relatório sobre as Tendências Tecnológicas previstas para aquele ano. Já abordamos antes o tema das previsões de tendências tecnológicas para 2024 e podemos ver o quanto, em poucos meses, houve um desenvolvimento que pode significar a mudança da forma como vivemos.
No SXSW 2024 (South by Southwest), um dos maiores festivais de inovação do mundo, foi apresentado o Tech Trends desse ano, onde foram analisadas 900 tendências dentro de 16 temas, entre medicina e saúde, notícias e entretenimento, esportes, finanças, espaço, biotecnologia, clima, energia, entre outros. A partir dessa análise foi possível entender o surgimento do chamado “Superciclo Tecnológico”.
Mas afinal, o quê é um superciclo?
Em economia, chamamos de superciclo, as mudanças estruturais substanciais e sustentadas na economia, é um período de expansão de demanda, onde os preços das matérias-primas sobem, podendo se estender durante anos. O superciclo tecnológico, é uma onda de inovação impulsionada por uma série de avanços que podem transformar a economia e a maneira como vivemos.
O último superciclo registrado foi o que conhecemos como a “Era da Informação”, que aconteceu ali na metade, quase final do século XX, com o desenvolvimento do computador e da internet, revolucionando a comunicação e a informação. Diferente dos últimos, o superciclo atual está sendo impulsionado por três tecnologias diferentes, enquanto os últimos, como a revolução industrial, tinham apenas uma, são elas: a Inteligência Artificial, Biotecnologia e os Ecossistemas Conectados, também conhecido como Internet das Coisas.
Inteligência Artificial
De certa forma, a inteligência artificial está integrada entre todos os temas, e é esperado que passe por uma consolidação significativa. O ponto é que, o desenvolvimento da IA precisa de muitos recursos, então os gigantes da tecnologia acabam tomando conta dessa área.
A IA está revolucionando como as máquinas aprendem, processam informações e tomam decisões, as ferramentas estão evoluindo para partir de ideias básicas e construir pensamentos complexos. Mas é preciso atenção e alerta sobre a disponibilização dos modelos de código aberto, porque, uma vez que qualquer pessoa tem acesso não monitorado não existe a possibilidade de responsabilizar os responsáveis pela distribuição desses modelos caso eles sejam utilizados para fins negativos e perigosos.
A Inteligência Artificial é a principal pilastra do superciclo tecnológico, hoje onde temos as IA generativas criando conteúdo e influenciando decisões, caminhando para remodelação da criatividade, trabalho e normas sociais.
Biotecnologia
Outra megatendência dentro do superciclo tecnológico é a Biotecnologia, estando em evidência um novo tipo de IA, a Organoid Intelligence – ou inteligência artificial de organoides. É uma tecnologia que usa células vivas como computador. Parece coisa de filme, mas já está sendo desenvolvido, um exemplo é a GNoME, da Deepmind, que está criando proteínas novas a partir de testes com IA. Cientistas de engenharia computacional e biologia conectaram um “organoide cerebral”, que é uma estrutura de laboratório que imita o cérebro humano, diretamente a um sistema de inteligência artificial usando o próprio tecido neural para complementar as tarefas realizadas.
A biotecnologia vem sendo responsável por mover a tecnologia para além dos sistemas criados pelo Vale do Silício, permitindo avanços na medicina, agricultura e outros campos, com o potencial de melhorar a qualidade de vida, a IO (Inteligencia artificial de organoides) está se tornando um campo em crescimento, que usa material biológico e culturas 3D de células cerebrais humanas para reproduzir o processamento de informações.
Internet das Coisas
A Internet das Coisas é um componente fundamental do superciclo tecnológico, ela conecta objetos físicos à internet, permitindo que eles se comuniquem e interajam entre si e com o ambiente ao seu redor. Os Ecossistemas Conectados, estão ficando cada vez mais em evidência, os aparelhos vestíveis que contam com sensores capazes de captar dados visuais e sensoriais humanos estão se fazendo presente no dia a dia da população. Com o lançamento recente do Apple Vision Pro e do Galaxy Ring, estamos presenciando uma onda de coleta de dados. Mesmo ainda em desenvolvimento, tem um enorme potencial para transformar a forma como vivemos. No entanto, também existem desafios que precisam ser superados, o risco desses dispositivos conectados está na leitura constante da reação do usuário, o que revela suas intenções, isso significa que os dispositivos vão conseguir prever as ações antes de serem feitas, com a coleta de dados constante é transformado em uma interface para vida cotidiana e isso pode representar uma mudança fundamental na forma como usamos a tecnologia.
O superciclo atual tem o potencial de trazer grandes melhorias para a humanidade, como soluções para os grandes desafios globais como as mudanças climáticas, aumentar a produtividade e eficiência em diversas áreas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O desafio está em como garantir que essas ondas de novidades não caiam na armadilha de ser comandada por poucos “messias tecnológicos”, que tentarão vender como salvar o mundo alterado por tecnologias que suas empresas mesmas comandam.
É preciso se manter alerta sobre os desafios sociais que podem surgir, como a desigualdade social, onde os benefícios da tecnologia podem não ser distribuídos de maneira justa e o risco de desemprego em massa para trabalhadores não qualificados.
É fundamental investir em educação e treinamento para preparar a força de trabalho para as novas habilidade exigidas pela economia digital, para que as tecnologias sejam utilizadas de forma ética e responsável.
O futuro do superciclo ainda é incerto, mas é evidente que trará um impacto significativo na sociedade e no mundo em que vivemos.